domingo, 3 de fevereiro de 2008

Somos da matéria de que são feitos os sonhos, e nossa pequena vida é rodeada por um sono.

O tempo tem sofrido alterações repentinas mesmo, é do azul ao amarelo sem limites para um respiro. As vezes um verde ou um violeta mancham o céu sem que as pessoas percebam o que há entre um tom e outro.

Paul Valéry disse que gostava muito de planejar, detidamente, seus poemas para depois aprontar-se surpresas quando ia aos fatos.

Um planejamento da poesia para depois receber, lançar surpresas nos versos? É como conhecer a saída e a chegada e se perder no caminho de um ponto a outro. Aliás o que há entre dois pontos? O há entre dois versos? Uma reta?

Diagonal.

Uma diagonal. Eu quando era pequeno sempre desenhei mais diagonais do que linhas verticais e horizontais. Talvez tenha sido meu primeiro verso ou a descoberta infantil do que havia entre eles. Velásquez no fim da vida não pintava mais coisas definidas, pintava somente o que havia entre elas.

Por não ser verso só linha reta. O ondulado das calçadas. À visita de navio das Belas de Picasso. Paul Valéry a luzes longínquas.

As crianças. Elas o assistirão como num sonho... Pierrot.

MOVIDO pela escrita fatal, e se a métrica encadeia sem regresso a minha memória, sinto cada palavra em toda a sua força, por tê-la esperado indefinidamente. Esta medida que me transporta e que eu coloro, guarda-me do verdadeiro e do falso. Nem a dúvida me divide, nem a razão me lavra. Nenhum acaso, mas uma sorte extraordinária se fortifica; encontro sem esforço a linguagem desta felicidade; e penso por artifício, um pensamento todo certo, maravilhosamente previdente,--com as lacunas calculadas, sem trevas involuntárias, cujo movimento me comanda e cuja quantidade me preenche: um pensamento singularmente acabado.

Paul Valéry

Vélasquez. Descoberta infantil. Diagonal.

Le Plus Beau Film du Cinema.

Rodear os objetos com o ar, com o crepúsculo capturando na sua sombra e fundos atmosféricos as palpitações da cor que formavam o invisível núcleo de sua sinfonia silenciosa.

A realidade agora não existia. Não era sonho, não era real. Não eram devaneios na janela ou vontades escritas em cartas inexistentes. Paul caiu. Adormeceu como um anjo imortalizado em uma tela.

O Novo Espetacular Sentimento.

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