sábado, 29 de dezembro de 2007
Sem a história, a experimentação permanece indeterminada, incondicionada, mas a experimentação não é histórica, é filosófica.
Recitou para uma certa pequena multidão um verso que nada dizia. Alguém porém anotou secretamente as palavras escolhidas em destaque. Não há grande pensador que não passe por crises, elas marcam as horas de seu pensamento. Como diz Paul Veyne, o que se opõe ao tempo assim como à eternidade, é nossa atualidade. Pensar é, primeiramente, ver e falar, mas com a condição de que o olho não permaneça nas coisas e se eleve até as "visibilidades", e de que a linguagem não fique nas palavras ou frases e se eleve até os enunciados. Os versos falavam sobre a conversa, alguém que podia escrever sem precisar exatamente da escrita. Se pudesse vivia falando e ouvindo. A encenação de algum documentário no qual alguém jamais escreve os passos dados, apenas anda com a escrita líquida ou gasosa de suas vivências. Rômulo diz sobre os grandes artistas; os grandes artista do século e suas muitas relações com a realidade. As reflexões que produziram filmicamente e os termos tão próprios. A arte como produção de visão. Visão de alguma coisa. Uma linguagem que dê conta da História. Pensando em Arte como Produção de Visão. Personagens em busca da história e da História. Ou do atual e das atualizações, não existir mais nada atual. Talvez porque seja o tempo do meta atual. As coisas acontecem e já se tornam passado. Antigamente elas aconteciam e se tornavam futuro, porque sabíamos, por exemplo, que elas chegariam nos cinemas e depois ainda nas tevês. Havia ainda um deslocamento do acontecimento, da anunciação, a Anunciação própria cristã não seria revelada hoje, não saberíamos. Não saberíamos por sabermos demais. A arqueologia é o arquivo, e o arquivo tem duas partes: audio-visual. A lição de gramática e a lição das coisas. É preciso pegar as coisas para extrair delas as visibilidades. E a visibilidade de uma época é o regime de luz, e as cintilações, os reflexos, os clarões que se produzem no contato da luz com as coisas. Toda formação histórica diz tudo o que pode dizer, e vê tudo o que pode ver. "TÔNIA está conversando com o pai, o historiador Nestor Buarque III. O pai fala das precariedades históricas, existenciais, políticas...a que presta atenção a filha, performer.TÔNIA pensa em como uma pessoa representa, ou altera, dá continuidade ou muda a maneira de ver, opinar, conviver com as realidades. Ela sussura " pessoalidade"." Mais uma vez incompleto. Então o que pode nos preencher de verdade ? A mentira ? Não, a mentira não. O que nos preenche de verdade é: o vazio. E nesse vazio, lá estamos, plenos. Mas o vazio não é uma verdade. Claro que é. O conceito de vazio é essencial nos ikebanas, por exemplo. O vazio é o que há ou o que não há ? Essencial na meditação transcendental, onde se pretende esvaziar a mente de pensamentos para se atingir um estado elevado de mente. Nem uma coisa nem outra. Ele contém ou está contido ? Pequenos lampejos fulgazes. No olhar de Ulysses sobre uma nova senhora surge um plano em que capta a consiência, na recitação do poema diante dos fuzis, vê-se os rostos dos fuziladores iluninarem-se. Dois mundos tangentes ao nosso, mundos diferentes, na medida em que são diferentemente repartidos o real, o provável, o possível, o hipotético, mas mundo comunicante. E, certamente, as primeiras explosões da consciência de Anna, sobre os poemas perdidos. Mais uma vez incompleto. Então o que pode nos preencher de verdade ? A mentira ? Não, a mentira não. O que nos preenche de verdade é: o vazio. E nesse vazio, lá estamos, plenos. Mas o vazio não é uma verdade. Claro que é. O vazio é o que há ou o que não há ? Nem uma coisa nem outra. Ele contém ou está contido ? Nem um nem outro... Não é uma polaridade: é uma essência.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Natureza: o que a arte dramática suprime para proveito de uma naturalidade estudada e mantida com exercícios
R.P.
eu estava andando por comunidades e achei este comentário. me lembrei de você. é este toque. achei algo tão especial ter escrito isso... é verdade este movimento a que você se referiu...precisarei pensar mais um pouco... mas é verdade
o tato visual que transcende o " verbalismo", até no filmes que se querem visuais há sempre a discursividade verbal , implícita ou não... vai ver que aí, em Bresson, é que está uma faculdade espiritual...e talvez por isso ele goste de ser anti-naturalista...
é uma percepção maior, a percepção do bruto da realidade, traduzido em tudo, é um excesso de verbo, de definições...é tudo já resolvido, definido, dado... tudo tem seu nome, pronto. isso é bem discursivo...
tudo é sabido, pronto. sem outra saída se não a da ação, dos discursos
se eu tentar o silêncio, as elipses, as contradições mesmo ( em cortes de edição ) em BRUCTUM ( Vision) talvez chegue a uma apresentação hordiena ( com margem de indefinição, como diz Jean) da sensibilidade empenhada pelos personagens na encenação de quadros contemorâneos... porque, particularmente quanto ao que crio, não gostaria de ser só " narrativo" ( mas não gosto de sacrificar isso...) Tenho chegado a certos momentos cujo grande valor artístico é não ser narrativo... em algo que escrevo... são certos momentos não de todo descritíveis...e se descritivos, só quanto a certo aspecto que menciona o momento... aí noto que é o amplo que pode se apresentar, ou que se apresenta...
...é tátil como emissor e receptor...hum...
...um toque visual tátil...
...vou pegar o livro do Bresson " Notes sur le Cinematographe "na questão mesmo do toque, um tato visual. Nós assistimos ao filme, os personagens são vistos pelo filme. E neste entre meio há um toque visual, que é tátil como emissor e como receptor, mas visual como canal. ..a disposição, o lugar... a insinuação, quase realização, a produção ou aparecimento d o emissor e do receptor... desta operação , deste movimento... entre o visual e o tátil... o que Deleuze falaria?
e não falo por intelecção pura não...
o tocar os problemas... o tocar uma forma...realizá-la...
´o tato visual que transcende o " verbalismo", até no filmes que se querem visuais há sempre a discusividade verbal , implícita ou não... vai ver que aí, em Bresson, é que está uma faculdade espiritual...e talvez por isso ele goste de ser anti-naturalista...´Concordo. Mas veja que interessante pensar nisso a respeito de Procès de Jeanne d'Arc que é um filme pautado no verbal. O tato visual transcende mesmo e não há palavra que defina melhor este efeito bressoniano. Eu me lembro e você deve se lembrar também da cena do filme que me chamou atenção, que são os pés dela sendo filmados enquanto ela anda num caminho em direção à morte. As pernas amarradas, o andar truncado, alguém passando a perna num certo momento. Depois de tanta fala e apesar de eu preferir Dreyer, a questão oral é sempre muito cara a mim, a minha verborragia, é ali que para mim tudo vem a ser dito através do corpo e do espírito. Os pés guardam tanto espírito quanto o coração, pois raramente são vistos e quando o são, viram fetiches.
Isto que você disse sobre anti-naturalismo, é se eu não me engano o ensaio eterno, a repetição exaustiva dos gestos até o momento de certo desgaste ou mecanização. É quando o corpo deixa de pensar em si mesmo que ele começa a pensar em seu interior. É o ´eu que penso´sendo o ´eu que existo´, quando corpo e espírito se tornam a mesma coisa. É a redundância separando para agrupar.
eu estava andando por comunidades e achei este comentário. me lembrei de você. é este toque. achei algo tão especial ter escrito isso... é verdade este movimento a que você se referiu...precisarei pensar mais um pouco... mas é verdade
o tato visual que transcende o " verbalismo", até no filmes que se querem visuais há sempre a discursividade verbal , implícita ou não... vai ver que aí, em Bresson, é que está uma faculdade espiritual...e talvez por isso ele goste de ser anti-naturalista...
é uma percepção maior, a percepção do bruto da realidade, traduzido em tudo, é um excesso de verbo, de definições...é tudo já resolvido, definido, dado... tudo tem seu nome, pronto. isso é bem discursivo...
tudo é sabido, pronto. sem outra saída se não a da ação, dos discursos
se eu tentar o silêncio, as elipses, as contradições mesmo ( em cortes de edição ) em BRUCTUM ( Vision) talvez chegue a uma apresentação hordiena ( com margem de indefinição, como diz Jean) da sensibilidade empenhada pelos personagens na encenação de quadros contemorâneos... porque, particularmente quanto ao que crio, não gostaria de ser só " narrativo" ( mas não gosto de sacrificar isso...) Tenho chegado a certos momentos cujo grande valor artístico é não ser narrativo... em algo que escrevo... são certos momentos não de todo descritíveis...e se descritivos, só quanto a certo aspecto que menciona o momento... aí noto que é o amplo que pode se apresentar, ou que se apresenta...
...é tátil como emissor e receptor...hum...
...um toque visual tátil...
...vou pegar o livro do Bresson " Notes sur le Cinematographe "na questão mesmo do toque, um tato visual. Nós assistimos ao filme, os personagens são vistos pelo filme. E neste entre meio há um toque visual, que é tátil como emissor e como receptor, mas visual como canal. ..a disposição, o lugar... a insinuação, quase realização, a produção ou aparecimento d o emissor e do receptor... desta operação , deste movimento... entre o visual e o tátil... o que Deleuze falaria?
e não falo por intelecção pura não...
o tocar os problemas... o tocar uma forma...realizá-la...
´o tato visual que transcende o " verbalismo", até no filmes que se querem visuais há sempre a discusividade verbal , implícita ou não... vai ver que aí, em Bresson, é que está uma faculdade espiritual...e talvez por isso ele goste de ser anti-naturalista...´Concordo. Mas veja que interessante pensar nisso a respeito de Procès de Jeanne d'Arc que é um filme pautado no verbal. O tato visual transcende mesmo e não há palavra que defina melhor este efeito bressoniano. Eu me lembro e você deve se lembrar também da cena do filme que me chamou atenção, que são os pés dela sendo filmados enquanto ela anda num caminho em direção à morte. As pernas amarradas, o andar truncado, alguém passando a perna num certo momento. Depois de tanta fala e apesar de eu preferir Dreyer, a questão oral é sempre muito cara a mim, a minha verborragia, é ali que para mim tudo vem a ser dito através do corpo e do espírito. Os pés guardam tanto espírito quanto o coração, pois raramente são vistos e quando o são, viram fetiches.
Isto que você disse sobre anti-naturalismo, é se eu não me engano o ensaio eterno, a repetição exaustiva dos gestos até o momento de certo desgaste ou mecanização. É quando o corpo deixa de pensar em si mesmo que ele começa a pensar em seu interior. É o ´eu que penso´sendo o ´eu que existo´, quando corpo e espírito se tornam a mesma coisa. É a redundância separando para agrupar.
´tudo tem seu nome, pronto. isso é bem discursivo´Mas aí podemos trazer aquela idéia de descobrir, conhecer as coisas antes de serem nominadas, antes de receberem um nome. Pois o senso comum sabe que as coisas existem a partir do momento em que recebem um nome. Foucault falava isso a respeito da homossexualidade e da loucura, que antes não existiam. Jean em Carmen traz o prenome, saber o que vem antes, não antes de existirem, mas antes de receberem um nome.
E nem deve ser só narrativo. A escrita, talvez a própria literatura, hoje está morrendo um pouco. Se o audiovisual consegue cada vez mais hoje com novos suportes, linguagens, estilos um novo mostruário das imagens e das coisas, a escrita as vezes acho se perdeu um pouco. A narrativa se vulgariza. Tente em BRUCTUM (Vision) estes níveis de silêncio, que podem ser vários. O silêncio é múltiplo. Ele pode ir de John Cage a Dreyer, passando por Warhol. E não é apenas a falta de som, mas sim o som do silêncio. Não é retirar todo o som da tevê, do filme, mas sim ouvir a falta, aquilo que falta. Está na imagem, não no som. Uma imagem pode ser silenciosa mesmo com uma enorme banda sonora. E também pode haver as duas coisas, tanto pra um quanto pra outro pólo.E na escrita acredito que isso exista, mas se faz pouco ou vulgarmente.
E nem deve ser só narrativo. A escrita, talvez a própria literatura, hoje está morrendo um pouco. Se o audiovisual consegue cada vez mais hoje com novos suportes, linguagens, estilos um novo mostruário das imagens e das coisas, a escrita as vezes acho se perdeu um pouco. A narrativa se vulgariza. Tente em BRUCTUM (Vision) estes níveis de silêncio, que podem ser vários. O silêncio é múltiplo. Ele pode ir de John Cage a Dreyer, passando por Warhol. E não é apenas a falta de som, mas sim o som do silêncio. Não é retirar todo o som da tevê, do filme, mas sim ouvir a falta, aquilo que falta. Está na imagem, não no som. Uma imagem pode ser silenciosa mesmo com uma enorme banda sonora. E também pode haver as duas coisas, tanto pra um quanto pra outro pólo.E na escrita acredito que isso exista, mas se faz pouco ou vulgarmente.
´é o amplo que pode se apresentar, ou que se apresenta´
Sim. Esqueçamos a Terra e teremos o Universo.
R.P.
sei sim deste plano, por você ter escrito e eu até coloquei em TRANSE
não conheço bem este Bresson. mas me lembro como é falado. e conheço a tua " verborragia". mas o que eu estava sentindo, quando comentei aqui, é um certo esgotamento verbal. deve ser uma cisma minha.
"esgotamento", digo, pensando em BRUCTUM. estou querendo desenvolver certa reflexão quando o mundo invade o espetáculo-perfomance que tem lugar nesta narrativa, BRUCTUM. e aí me veio os silêncios das imagens do Bresson, como elas dizem-se... foi por aí a minha direção...nada contra o Verbo...é que quero que um dos personagens que é jornalista pense na concepção da sua direção, em si, no que faz junto aos outros personagens de uma forma diversa da situação dele de ser um jornalista...daí o desafio...
M.M.M.
Esgotamente verbal quando você diz me remete a um certo esgotamento físico que parece também haver nos filmes. E novamente Dreyer surge para mim, mas é um esgotamente diferente. O esgotamento de Maria Falconetti não é o mesmo destes ensaios, desta repetição de movimentos para a libertação do espírito. A palavra também se esgota e não é Ordet, é o verbalismo. E agora faz mais sentido quando você fala de silêncio.
Esgotamente verbal quando você diz me remete a um certo esgotamento físico que parece também haver nos filmes. E novamente Dreyer surge para mim, mas é um esgotamente diferente. O esgotamento de Maria Falconetti não é o mesmo destes ensaios, desta repetição de movimentos para a libertação do espírito. A palavra também se esgota e não é Ordet, é o verbalismo. E agora faz mais sentido quando você fala de silêncio.
´quando o mundo invade o espetáculo-perfomance que tem lugar nesta narrativa´Isso pode ser suspender. Um mundo invade, outro é suspenso. Há sempre um outro mundo. Com seu personagem jornalista você estaria fazendo um grande exercício de ir contra o clichê, as imagens viciadas. Não para criar estranhamento, crítica, mas exercer uma nova direção. Uma direção para uma proposição como falávamos há semanas atrás.
R.P.
sim. uma proposição outra... que se faz no curso e nos personagens como são... a narrativa tem este espetáculo-perfomance como centro. os ensaios deste espetáculo que se chama "Semi-Esfoprço: VIsion"... os ensaios que a narrativa sonda...
BRUCTUM no blog era bem mais doce... agora está meio ríspido... a loucura apaixonada, e profissional, de Tônia e Tonho deu vez a um certo distanciamento...
sim. uma proposição outra... que se faz no curso e nos personagens como são... a narrativa tem este espetáculo-perfomance como centro. os ensaios deste espetáculo que se chama "Semi-Esfoprço: VIsion"... os ensaios que a narrativa sonda...
BRUCTUM no blog era bem mais doce... agora está meio ríspido... a loucura apaixonada, e profissional, de Tônia e Tonho deu vez a um certo distanciamento...
M.M.M.
Você comentou no fim de novembro talvez já sobre este distanciamento. É preciso pensar até que ponto isso é da própria obra ou seu. Se tem relação com seu estado de espírito ou se são os personagens, o texto em si que está se movimentando dessa maneira.
Você comentou no fim de novembro talvez já sobre este distanciamento. É preciso pensar até que ponto isso é da própria obra ou seu. Se tem relação com seu estado de espírito ou se são os personagens, o texto em si que está se movimentando dessa maneira.
R.P.
ah acredito. estou ficcionalizando também TRANSE. me apareceram personagens e certo núcleo e desenvolvo... mas tanto em BRUCTUM como em TRANSE há atropelamentos... eu vivo numa casa numa avenida perigosa...
ah acredito. estou ficcionalizando também TRANSE. me apareceram personagens e certo núcleo e desenvolvo... mas tanto em BRUCTUM como em TRANSE há atropelamentos... eu vivo numa casa numa avenida perigosa...
LOVISAS também me custou muito. mas respeitei o desespero final deste CANTO
M.M.M.
LOVISAS é difícil para mim, sabia ? Me sinto pequeno ali, me perco não por falhas na escrita ou falta de vontade da minha parte, de dedicação. A construção, o CANTO exige eu acho uma maturidade. Não se consegue tocar o alto de uma escultura sem uma escada ou tendo o tamanho equivalente. Mas se pode olhar, admirar. O que não é ruim, imagine. Mas é diferente de tocar.
LOVISAS é difícil para mim, sabia ? Me sinto pequeno ali, me perco não por falhas na escrita ou falta de vontade da minha parte, de dedicação. A construção, o CANTO exige eu acho uma maturidade. Não se consegue tocar o alto de uma escultura sem uma escada ou tendo o tamanho equivalente. Mas se pode olhar, admirar. O que não é ruim, imagine. Mas é diferente de tocar.
R.P.
são minhas tentativas no mundo, MAtheus...agora criei, de passagem, personagens sambistas, uma garota do funk, um empresário de uma boate ex-Pierrot le Fou, atual JE M'APPELE FERDINAND
são minhas tentativas no mundo, MAtheus...agora criei, de passagem, personagens sambistas, uma garota do funk, um empresário de uma boate ex-Pierrot le Fou, atual JE M'APPELE FERDINAND
M.M.M.
Estas suas tentativas, suas novas criações, personagens pode ser de repente Atualização, que também falávamos. A era dos homens duplos.
R.P.
ah sim. agora em tudo trabalho em ATUALIZAÇÕES sim sim. em TRANSE...o cantor canta sambas clássicos na boate E... canta para um corpo atropelado ...
Estas suas tentativas, suas novas criações, personagens pode ser de repente Atualização, que também falávamos. A era dos homens duplos.
R.P.
ah sim. agora em tudo trabalho em ATUALIZAÇÕES sim sim. em TRANSE...o cantor canta sambas clássicos na boate E... canta para um corpo atropelado ...
um personagem narrador o vê cantar assim na rua... está sentado no banco de trás ao lado de um rapaz comum, de boné que deixa de ser um tipo clichê , popular para ser um SER na situação do ônibus, do corpo atropelado e do cantor cantando sambas clásicos .... para um corpo atropelado.... o personagem narrador abre com dificuldade a janela para olhar...
estou escrevendo essas coisas... ficcionalizando TRANSE...este narrador te cita...quanto ás tuas impressões de Os Incompreendidos... que já estava em TRANSE...
M.M.M.
Eu fico encantado com sua ficcionalização, seja em BRUCTUM, em TRANSE, em tudo. Este pequeno trecho que você citou, me lembra as suas descrições de filmes, ou comentários de Lugar Público. Eu realmente fico encantado, sempre fiquei. E eu ainda sou citado por este narrador!Esta sua cena do samba, o corpo atropelado, o ônibus e a dificultade em abrir a janela. Sem você mencionar, já está aí a luz que incide sobre o vidro, o ar, as pessoas, os objetos, a natureza. O rapaz comum como SER. Nas suas escrituras tudo tende a ´ser SER´.
Eu fico encantado com sua ficcionalização, seja em BRUCTUM, em TRANSE, em tudo. Este pequeno trecho que você citou, me lembra as suas descrições de filmes, ou comentários de Lugar Público. Eu realmente fico encantado, sempre fiquei. E eu ainda sou citado por este narrador!Esta sua cena do samba, o corpo atropelado, o ônibus e a dificultade em abrir a janela. Sem você mencionar, já está aí a luz que incide sobre o vidro, o ar, as pessoas, os objetos, a natureza. O rapaz comum como SER. Nas suas escrituras tudo tende a ´ser SER´.
R.P.
LOVISAS é difícil, né?
acho que é a coisa mais bem acabada que já escrevi... bem trabalhei muito. um amigo meu do Orkut, o Felipe Stephani, leu durante vários dias e disse que tinha ficado estimulado... eu acreditei, apesar de ser difícil... fiquei admirado do fôlego dele !
... é que LOVISAS, nos últimos poemas é quase minha vida...
LOVISAS é difícil, né?
acho que é a coisa mais bem acabada que já escrevi... bem trabalhei muito. um amigo meu do Orkut, o Felipe Stephani, leu durante vários dias e disse que tinha ficado estimulado... eu acreditei, apesar de ser difícil... fiquei admirado do fôlego dele !
... é que LOVISAS, nos últimos poemas é quase minha vida...
M.M.M.
Sim, houve trabalho. Por isso falei e sempre falo em escultura quando trato de LOVISAS.
R.P.
homens duplos?
Sim, houve trabalho. Por isso falei e sempre falo em escultura quando trato de LOVISAS.
R.P.
homens duplos?
M.M.M.
Sim, homens duplos. ´ex-Pierrot le Fou, atual JE M'APPELE FERDINAND´
R.P.
obrigado pelo conselho de ver o que tenho e o que não tenho a ver com os personagens... talvez isso ajude porque, na escrita, BRUCTUm está parados há umas três semanas... aí ontem veio... estava com saudade de quando era doce, no blog...
Sim, homens duplos. ´ex-Pierrot le Fou, atual JE M'APPELE FERDINAND´
R.P.
obrigado pelo conselho de ver o que tenho e o que não tenho a ver com os personagens... talvez isso ajude porque, na escrita, BRUCTUm está parados há umas três semanas... aí ontem veio... estava com saudade de quando era doce, no blog...
mas, Marco querido, você fala de LUZ. você é incrível ( sabes que acho... falo agora de tua " inteligência artística "... para nosso amigo em comum. sabe que a LUZ é um dos personagens, do narrador, de BRUCTUM? é sim...materialmente, às vezes é citada como a luz do ônibus... um pensamento da Luz do ônibus que passa... para o qual o cantor que canta para o corpo atropelado olha...
M.M.M.
E eu digo com sinceridade que eu realmente vi esta luz na sua descrição e agora lendo o capítulo tudo se torna ainda mais claro, literalmente. Pois você manifesta certa dualidade dela, tanto matéria como substância. Um pensamento da luz do ônibus e o próprio físico encontrado e rebatido nos corpos, seja o vidro e a refração ou a pele, os tecidos.
R.P.
E eu digo com sinceridade que eu realmente vi esta luz na sua descrição e agora lendo o capítulo tudo se torna ainda mais claro, literalmente. Pois você manifesta certa dualidade dela, tanto matéria como substância. Um pensamento da luz do ônibus e o próprio físico encontrado e rebatido nos corpos, seja o vidro e a refração ou a pele, os tecidos.
R.P.
Parado vê LUZ RÀPIDA DE ÔNIBUS. A janela sugere campo aberto no rastro da paisagem. Quando parte. Se fotografado e exposta a fotografia,você verá, nas fotos...
...o rapaz com a mochila e eu na contemplação. Calados . Efetivos . Sentados, dentro do ônibus. Na viagem.
O ônibus que parara por alguns segundos. E o rapaz fez seu boné descansar em suas coxas.
Demorei a olhar para a frente.
Tinha aberto a janela com as mãos e com dificuldade. Quase passei por cima do rapaz de boné. Suas pernas compridas. Eu me inclinava , à janela, e quase estava sobre ele.
Cara quase para fora, mas não ia gritar...deveria? Deveria descer, enfrentar, aguentar ao seu lado! Todo mundo no Rio grita. Mas não gritei, olhei para trás.
Lírio ia em direção a Franconádio, deu para ver. Enquanto o ônibus seguia. depois sentei, olhei para o rapaz, em relance demorado. E disse que ele cantava. O rapaz pressionou os lábios, e junto com o balançar do ônibus, fez um sinal de reconhecimento que eu não sabia se era por Franconádio cantar ou pelo corpo estendido no asfalto. Deveria ter perguntado, mas isso é ridículo, acho agora. Só disse onde o piano-bar em que cantava ficava. Ele abriu os olhos como se se inteirasse de uma novidade
M.M.M.
Você percebe como o outro capítulo possui uma coisa fotográfica ? Ele não é estático, mas traz justamente alguma certa idéia de silêncio. Se sabe que há movimentos, sons e grandes movimentos e grandes sons, porém um outro ritmo existe, algo que passa ´ao lado´. As dúvidas trazem um pouco desta sensação, ´deveria descer´, ´deveria perguntar´, os devires e os deveres de personagens que parecem posar, mas não estão parados, o mundo ao contrário parece cada vez mais urgente, mais atual.
Você percebe como o outro capítulo possui uma coisa fotográfica ? Ele não é estático, mas traz justamente alguma certa idéia de silêncio. Se sabe que há movimentos, sons e grandes movimentos e grandes sons, porém um outro ritmo existe, algo que passa ´ao lado´. As dúvidas trazem um pouco desta sensação, ´deveria descer´, ´deveria perguntar´, os devires e os deveres de personagens que parecem posar, mas não estão parados, o mundo ao contrário parece cada vez mais urgente, mais atual.
domingo, 23 de dezembro de 2007
a escrita numa comunidade há tempos...
ver Pickpocket
vi o filme duas vezes. a primeira vez impressionou-me a lentidão, uma lentidão que parece pesar aquelas almas. sim porque vendo Bresson , neste filme, você não pode falar de enredo, personagem, fotografia sem tocar no que o filme toca a cada momento.
não é só a existência como podemos ver em filmes franceses. é algo que nos toca como uma revelação sussurada visualmente. sem barulho, estardalhaços.
e se é um filme piedoso é por esta desvelamento lento da vida ali, nos personagens, nos enquadramentos...na montagem
vi o filme duas vezes. a primeira vez impressionou-me a lentidão, uma lentidão que parece pesar aquelas almas. sim porque vendo Bresson , neste filme, você não pode falar de enredo, personagem, fotografia sem tocar no que o filme toca a cada momento.
não é só a existência como podemos ver em filmes franceses. é algo que nos toca como uma revelação sussurada visualmente. sem barulho, estardalhaços.
e se é um filme piedoso é por esta desvelamento lento da vida ali, nos personagens, nos enquadramentos...na montagem
Marco lê ( no computador/ orkut)
Não vi Pickpocket. Perdi quando passou na Cinemateca.
´sem tocar no que o filme toca a cada momento.´ Quando você diz isso eu penso imediatamente na questão mesmo do toque, um tato visual. Nós assistimos ao filme, os personagens são vistos pelo filme. E neste entre meio há um toque visual, que é tátil como emissor e como receptor, mas visual como canal.
Basta também observar as imagens físicas de seus filmes, normalmente agraciadas em mãos e pés. As crianças ao nascer e os velhos ao morrer não falam, vêem coisas. Quando estamos engatinhando há a lentidão da pureza. Bresson e a infância do cinema, ´uma lentidão que parece pesar aquelas almas´.
´sem tocar no que o filme toca a cada momento.´ Quando você diz isso eu penso imediatamente na questão mesmo do toque, um tato visual. Nós assistimos ao filme, os personagens são vistos pelo filme. E neste entre meio há um toque visual, que é tátil como emissor e como receptor, mas visual como canal.
Basta também observar as imagens físicas de seus filmes, normalmente agraciadas em mãos e pés. As crianças ao nascer e os velhos ao morrer não falam, vêem coisas. Quando estamos engatinhando há a lentidão da pureza. Bresson e a infância do cinema, ´uma lentidão que parece pesar aquelas almas´.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Uma direção, uma direção para a própria proposição
R.M.
este sentimento de " desenvolver-se " pode ser uma atualização de um possível. O Deleuze apresenta o movimento da causa formal ( o par possível- real) e o movimento da causa eficiente ( o par virtual -atual. Eles se interelacionam-se...então o possível pode relacionar-se com o atual e o virtual com o real. Estou lendo sobre isso; no momento pararei aqui. O que segue-se é digitação muito anteior.
...tento criar uma noção de espiritualização presente no cinema de Jean Lú... mas não quero que seja uma monumentalização mítica, não e não... não sei com o que contaria... procuro a noção entre o experimento de linguagem e época, existência, e História... de uma noção do técnico artístico e existencial... pela vivência tècnica da linguagem própria do cinema , e própria ao cinema... mas não numa escala mítica... seu cinema não o é! muito menos lendário ou coisas do tipo...
vou te mandar como está para você ver, e contribuir... é um esboço. ou melhor: queria esboçar uma sugestão... vê a linguagem, MArco...
M.M.M.
'este texto sobre o Godard procuro uma direção, uma direção para a própria proposição... é disso que falo para você! e a gente vai trabalhando... 'Então, mas eu preciso discutir essa 'direção', se existe como forma, formato, numa noção física mesmo, de reta, linearidade ou como caminho, processo nômade para a própria proposição. Porque eu consigo me situar mais no segundo caso do que no primeiro.
Sim, uma abertura na imagem. Mas eu gostaria de rever - já que assisti apenas uma vez na cinemateca - o filme para perceber o que há entre esses tempos, ver justamente 'a troca' de sinais. O presente em pb 'e' o passado em digital, ver justamente o canal. Seria o presente o real e o passado o virtual ou o presente o virtual e o passado o real ? E deixando de lado rapidamente os 'tempos', seria a película o real e o digital o virtual ? Mas no filme ela é o presente, o digital é o passado. E se ampliarmos para o próximo filme, Notre Musique deixa um silêncio quanto ao digital para depois irmos ao futuro, nem presente, nem passado, mas ao futuro. Um futuro no Paraíso. Em Éloge de L'Amour há também as escrita de 'memória', da 'H/h/istória', de 'arquivo', de 'alguma coisa', este que se repete algumas vezes como os outros. Pégut distinguia história e memória: "A história é essencialmente longitudinal, a memória essencialmente vertical. A história consiste essencialmente em passar ao longo dos acontecimentos.
A memória consiste essencialmente, estando dentro do acontecimento, mais que tudo em não sair dele, em nele permanecer, e remontá-lo por dentro". Bergson propusera um esquema para distinguir a visão especial que passa ao longo do acontecimento, e a visão temporal que se entranha no acontecimento.
' Se o presente se distingue atualmente do futuro e do passado é porque é presença de alguma coisa, que justamente deixa de ser presente ao ser substituído por 'outra coisa'. É em relação ao presente de outra coisa que o passado e o futuro se dizem passado e futuro de uma coisa.'Esse trecho de Deleuze me remete diretamente os planos de tela preta, com os escritos de 'alguma coisa', 'elogio... de alguma coisa'. Um filme com dois canais de imagem temporal, um filme que fala sobre os tempos da infância, da maturidade e da velhice. O que Fellini diz é bergsoniano: "somos construídos como memória, somos a um só tempo infância, a adolescência, a velhice e a maturidade." '
'O que o passado é para o tempo, o sentido é para linguagem, e a idéia é para o pensamento. O sentido como passado da linguagem é a forma de sua preexistência, aquilo em que nos instalamos já de início para compreender as imagens de frases, para distinguir as imagens de palavras e até de fonemas que ouvimos.'
'É quando uma história termina que ela começa a fazer sentido.', diz uma personagem em Éloge de L'Amour se não me engano. Do afeto ao tempo: descobrimos um tempo interior ao acontecimento, que é feito da simultaneidade dos três presentes implicados, dessas pontas de presente desatualizadas. Um acidente vai acontecer, acontece, aconteceu; mas também é ao mesmo tempo que ele vai ocorrer, já ocorreu, está ocorrendo; de modo que, devendo ocorrer, ele não ocorreu, e, ocorrendo, não ocorrerá... etc. Duas pessoas se conhecem, mas já se conheciam e não se conhecem ainda. A traição se faz, nunca se fez e, no entanto, se fez e se fará, ora um traindo o outro, ora o outro o primeiro, tudo de uma vez.
- 1986: «Grandeur et Décadence d`un Petit Commerce de Cinéma» é uma longa-metragem totalmente rodada em video. Mais do que isso: a utilização do video é, no plano fotográfico, tão sofisticada como um clássico filme em película de 35 mm. O tema é o mais «godardiano» possível: a banalização do cinema através da televisão.
R.M.
bem a relação do virtual com o real é uma questão muito presente em, por exemplo, quanto às comunicações... entende assim?
o virtual pode relacionar-se com o real no tocante a uma influência virtual no real... como os formadores de opinião...
há sempre a potência...
em ÉLoge de L'Amour há a potência da velhice, a potência da procura, do passado... e a velocidade final, o desafio da velocidade...são aberturas virtuais...
milagres podem ser vistos como virtualidades influindo no real... como o Bressane falou de " fenomenologia do milagre"... são pensamentos, interpretações e vivências, sim, não? possíveis...
os canais têm seus meios , seus códigos... você tende muito a reunir muita coisa...é necessário uma decupagem...
procure textos e faça decupagens... escolha imagens, movimentos... mas faça simples, no sentido de poder clarificar... não amontoe tanta coisa. eu sei do que falo porque te conheço quanto a isso e conheço ao que sempre escrevi... por exemplo em Lovisa sacrifiquei muita coisa porque mandava paar várias direções que no final não era nenhuma, e os versos poderiam se perder... ficariam vivos, também, claro mas quanto se procura um canal...por exemplo, este texto sobre o Godard procuro uma direção, uma direção para a própria proposição... é disso que falo para você! e a gente vai trabalhando...
mas exatamente. o presente ser em pb e o passado em cores... essa troca de sinais... isso é uma abertura da imagem ! pensa só.
M.M.M.
Em Éloge de L'Amour uma personagem recorda a outra uma frase de Santo Agostinho: "A medida do amor é amar sem medida.". Em Pontas de Presente, da Imagem-Tempo, Deleuze lembra da fórmula do mesmo Santo Agostinho, há 'um presente do futuro, um presente do presente, um presente do passado', todos eles implicados e enrolados no acontecimento, portanto simultâneos, inexplicáveis.
O mundo tornou-se memória, cérebro, superposição das idades ou dos lóbulos, mas o próprio cérebro tornou-se consciência, continuação das idades, criação ou crescimento de lóbulos sempre novos, recriação de matéria à maneira do estireno. A tela inclusive é a membrana cerebral onde se afrontam imediatamente, diretamente, o passado e o futuro, o interior e o exterior, sem distância designável, independentemente de qualquer ponto fixo. A imagem não tem mais como caracteres primeiros o espaço e o movimento, mas a topologia e o tempo.
'No grande mistério mudo, a palavra do intertítulo vem escorar o sentido. Em Godard esse sentido escrito se põe em questão e introduz um novo embaralhamento.'
Jacques Fieschi, "Mots en images", Cinématographe, nº 21, out. 1976.
Em O Pensamento e O Cinema, na Imagem-Tempo, há a questão das categorias que já conversamos diversas vezes. Numa das linhas se fala sobre o caso mais simples, como gênero artísticos, a epopéia, o teatro, o romance, a dança, e o próprio cinema. Cabe ao próprio cinema fazer sua reflexão, e a dos outros gêneros, na medida em que as imagens visuais não remetem a uma dança, um romance, um teatro, um filme preestabelecido, mas começam a 'ser 'cinema, no sentido da carga ontológica de 'faire' cinéma. E diz que as categorias ou gêneros podem ser também faculdades psíquicas como a imaginação, memória, esquecimento que me parecem existir em Éloge de L'Amour.
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