sábado, 29 de dezembro de 2007

Sem a história, a experimentação permanece indeterminada, incondicionada, mas a experimentação não é histórica, é filosófica.

Recitou para uma certa pequena multidão um verso que nada dizia. Alguém porém anotou secretamente as palavras escolhidas em destaque. Não há grande pensador que não passe por crises, elas marcam as horas de seu pensamento. Como diz Paul Veyne, o que se opõe ao tempo assim como à eternidade, é nossa atualidade. Pensar é, primeiramente, ver e falar, mas com a condição de que o olho não permaneça nas coisas e se eleve até as "visibilidades", e de que a linguagem não fique nas palavras ou frases e se eleve até os enunciados. Os versos falavam sobre a conversa, alguém que podia escrever sem precisar exatamente da escrita. Se pudesse vivia falando e ouvindo. A encenação de algum documentário no qual alguém jamais escreve os passos dados, apenas anda com a escrita líquida ou gasosa de suas vivências. Rômulo diz sobre os grandes artistas; os grandes artista do século e suas muitas relações com a realidade. As reflexões que produziram filmicamente e os termos tão próprios. A arte como produção de visão. Visão de alguma coisa. Uma linguagem que dê conta da História. Pensando em Arte como Produção de Visão. Personagens em busca da história e da História. Ou do atual e das atualizações, não existir mais nada atual. Talvez porque seja o tempo do meta atual. As coisas acontecem e já se tornam passado. Antigamente elas aconteciam e se tornavam futuro, porque sabíamos, por exemplo, que elas chegariam nos cinemas e depois ainda nas tevês. Havia ainda um deslocamento do acontecimento, da anunciação, a Anunciação própria cristã não seria revelada hoje, não saberíamos. Não saberíamos por sabermos demais. A arqueologia é o arquivo, e o arquivo tem duas partes: audio-visual. A lição de gramática e a lição das coisas. É preciso pegar as coisas para extrair delas as visibilidades. E a visibilidade de uma época é o regime de luz, e as cintilações, os reflexos, os clarões que se produzem no contato da luz com as coisas. Toda formação histórica diz tudo o que pode dizer, e vê tudo o que pode ver. "TÔNIA está conversando com o pai, o historiador Nestor Buarque III. O pai fala das precariedades históricas, existenciais, políticas...a que presta atenção a filha, performer.TÔNIA pensa em como uma pessoa representa, ou altera, dá continuidade ou muda a maneira de ver, opinar, conviver com as realidades. Ela sussura " pessoalidade"." Mais uma vez incompleto. Então o que pode nos preencher de verdade ? A mentira ? Não, a mentira não. O que nos preenche de verdade é: o vazio. E nesse vazio, lá estamos, plenos. Mas o vazio não é uma verdade. Claro que é. O conceito de vazio é essencial nos ikebanas, por exemplo. O vazio é o que há ou o que não há ? Essencial na meditação transcendental, onde se pretende esvaziar a mente de pensamentos para se atingir um estado elevado de mente. Nem uma coisa nem outra. Ele contém ou está contido ? Pequenos lampejos fulgazes. No olhar de Ulysses sobre uma nova senhora surge um plano em que capta a consiência, na recitação do poema diante dos fuzis, vê-se os rostos dos fuziladores iluninarem-se. Dois mundos tangentes ao nosso, mundos diferentes, na medida em que são diferentemente repartidos o real, o provável, o possível, o hipotético, mas mundo comunicante. E, certamente, as primeiras explosões da consciência de Anna, sobre os poemas perdidos. Mais uma vez incompleto. Então o que pode nos preencher de verdade ? A mentira ? Não, a mentira não. O que nos preenche de verdade é: o vazio. E nesse vazio, lá estamos, plenos. Mas o vazio não é uma verdade. Claro que é. O vazio é o que há ou o que não há ? Nem uma coisa nem outra. Ele contém ou está contido ? Nem um nem outro... Não é uma polaridade: é uma essência.

Nenhum comentário: