quinta-feira, 4 de outubro de 2007


Griffith procurava algo quando inventou o close-up. Não apenas necessitava estar mais próximo da garota que amava, ou algo assim. Era porque, quinze anos depois de Lumière, ele necessitava criar uma maneira de penetrar na realidade. Mas, já que não havia revolução lá, ele estava completamente só. Era, em verdade, um reacionário.

Não é verdade que Mr. Griffith estava sonhando quando lhe ocorreu o que chamou de 'primeiro plano'? Não é certo o fato de que estava procurando outra coisa que agora chamamos de outro modo?
Supondo que o fizesse, o que é que queria fazer? Não queria ver alguém mais perto, queria unir uma coisa vista de longe com outra vista de perto. Mas no cinema falado se mostrará que a invenção do primeiro plano foi rapidamente associada ao aparecimento do astro. E na tevê, nas novelas se tem uma constelação que cega, emburrece, não se vê mais nada.
A história do cinema que nunca se fará é a história dos filmes vistos, a história dos espectadores que viram os filmes. Uma verdadeira história do cinema seria assim: um dos pólos, Griffith nasceu em tal e'poca e fez tal coisa; segundo pólo: The Birth of a Nation; terceiro pólo: um espectador da época que assistiu ao The Bith of a Nation. Então se vê que nas história do cinema há apenas a primeira parte, e, ainda assim, como ela está feita. Dizem-nos: "Griffith fez..." e paf, põem-nos uma foto de The Birth of a Nation. E, ainda por cima, a gente é obrigado a acreditá-lo sob su apalavra; não tenho certeza nem de que foi ele quem o fez; eu não sei de nada, eu não estava lá, não assisti. Só acreditamos no que dizem, sem ver, por isso a gente acaba acreditando que a Revolução ocorreu no ano 17, que Descartes escreveu Le discours de la méthode, que Griffith rodou The Birth of a Nation e que cinema se aprende no Conservatório de Arte Cinematográfica.

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